Agradecimento

quinta-feira, 5 de julho de 2012

A verdadeira história do São Paulo Futebol Clube - Parte 4


A construção do Morumbi

Desde o início dos anos 50, o São Paulo havia decidido dar um novo passo em sua história. Não se sabe exatamente de quem foi a idéia da construção do estádio. O certo é que o sonho começou a se tornar realidade na gestão do presidente Cícero Pompeu de Toledo, que encarregou Laudo Natel, um jovem executivo do Bradesco, de levar adiante a empreitada.

Em meados de 1951, o São Paulo conseguiu aval para um empréstimo de Cr$ 5.000.000,00 junto à Caixa Econômica Estadual para auxiliar na construção de seu sonho. O empréstimo, aliás, somente foi possível após grande reivindicação da diretoria, pois Corinthians e Palmeiras já haviam requisitado e obtido antes.

Em 4 de agosto de 1952, o São Paulo conseguiu um terreno junto à Imobiliária e Construtora Aricanduva, no bairro Jardim Leonor, na região do Morumbi, uma região até então totalmente desabitada. O clube comprou 29.584m² por Cr$ 8.875.200,00 pagos em suaves parcelas e obteve da loteadora a doação de mais 25.000m². Posteriormente, por meio de acordos com a prefeitura e com a própria Aricanduva, outros 99.873m² foram acrescentados, totalizando uma área de 154.520m². 

O passo seguinte foi estabelecer o primeiro plano de arrecadação de recursos. A Comissão Pró-Estádio definiu a venda de 3.000 futuras cadeiras cativas, com título válido por 20 anos. Contudo, a descrença da população mediante ao fato de se "construir um estádio no meio do mato", aliado à contra-campanha de torcedores rivais e setores da imprensa, forçou o Tricolor a vender 12 mil cadeiras, e torná-las patrimônio definitivo.

As obras se iniciaram para valer em julho de 1953, com o começo da terraplanagem. Até então, a fonte de recursos majoritária era o empréstimo de Cr$ 5.000.000,00 junto à Caixa Econômica Estadual.

Pouco depois, Amador Aguiar, dono do Banco Bradesco, intermediou em favor do São Paulo um contrato de direitos exclusivos para a venda de produtos dentro do futuro estádio com a Companhia Antárctica Paulista. A cervejaria concederia Cr$ 5.000.000,00 ao Tricolor por 10 anos de exploração comercial no Morumbi (com opção de prorrogação por mais cinco).

Com fundo em caixa, o São Paulo garantia os primeiros estágios de seu grande projeto. Em dezembro de 1953, a terraplanagem foi finalizada, ao custo total de Cr$ 3.270.396,00. Em 1954, o estaqueamento e a construção das fundações do estádio.

Ao mesmo tempo foi assinado um contrato de construção de uma galeria de águas pluviais, no valor de Cr$ 2.410.279,00, para canalizar o córrego Antonico, que ainda hoje corta os subterrâneos do Morumbi. Além desses serviços, outros foram solicitados com o decorrer das obras. O clube gastou Cr$ 11.180,90 em madeira e tábuas, Cr$ 1.040.643,00 em ferro, Cr$ 15.200,00 em cimento e Cr$ 9.904,00 em pregos e arames.

Para custear a aquisição destes materiais o São Paulo promoveu campanhas de vendas de souvenires e de doação de cimento. A exploração de propaganda no canteiro de obras foi outra medida utilizada.

O São Paulo então reformulou sua atuação na venda de cadeiras cativas. Repassou a direção da promoção à Rádio Bandeirantes, aumentando consideravelmente as vendas.

Em sua campanha, as cativas eram vendidas, em média, a Cr$ 20.000,00 cada. Até a sua inauguração, em 1970, o São Paulo havia vendido 12.000 cadeiras, representando uma receita aproximada de Cr$ 240.000.000,00, desconsiderando correções monetárias e a inflação. Somente o ídolo Poy, verdadeiro garoto propaganda, vendera pessoalmente 8 mil dessas cadeiras.

Antes das obras realmente pesadas, de elevação das arquibancadas, as últimas construções de base foram realizadas. Em abril de 1955, o sistema de drenagem foi entregue, ao preço de Cr$ 4.382.437,00. No decorrer do ano ainda foram construídos os túneis, o fosso, a rede de irrigação e a da arquibancada térrea, tudo ao custo de Cr$ 6.010.400,00.

Entre 1956 e 1957 começou, verdadeiramente, a construção do maior estádio particular do mundo. As fundações foram concluídas em setembro de 1957, por Cr$ 20.000.000,00. Seis vãos de gigantes (espaços entre as colunas de sustentação) foram terminados em seus três níveis e outros 19 vãos ao redor, até as cativas, em fevereiro de 1957.

Até agosto de 1958 todos os níveis foram levantados, mas, somente em março de 1960, finalizados, com o acréscimo de outros cinco vãos. Tudo ao custo de Cr$ 78.681.571,60. Com essa configuração, o Morumbi teria sua inauguração parcial.

Até lá, contudo, faltavam outros detalhes: a pista de atletismo foi inaugurada em 9 de abril. As rampas de acesso provisórias e pisos do pavimento térreo foram entregues em 20 de julho, por módicos Cr$ 7.000.000,00. Já os bancos das numeradas e cativas foram instalados por Cr$ 10.600.000,00. Para pregá-los, Laudo Natel teve que virar garoto propaganda de uma indústria de parafusos e assim conseguir 400 mil unidades de graça.

Por fim, o muro de entorno, necessário para separar a torcida do canteiro de obras, saiu por Cr$ 4.000.000,00.

Longe de estar finalizado, a Comissão Pró-Estádio achou por bem inaugurar o estádio, mesmo incompleto, pois passaria a obter mais recursos provindos de bilheteria e também de ações publicitárias e promocionais, pelo destaque do Morumbi na imprensa. Além de, claro, saciar a vontade do são-paulino em ver e ocupar sua própria casa.

Com tudo preparado, marcou-se a data de inauguração: 2 de outubro de 1960. O convidado para repartir a honra desta festividade foi o Sporting de Lisboa. O primeiro gol do novo estádio foi marcado por Peixinho, aos 12 minutos da etapa inicial. O São Paulo venceu o Sporting por 1x0.

Em 1961, a linha de ônibus Largo de Pinheiros-Morumbi foi inaugurada em 21 de setembro. Neste ano o São Paulo ainda desembolsaria Cr$ 46.152.000,00 com a construção de duas torres de concreto e instalação de cabines e outras instalações elétricas. Iluminação, contudo, só veio, e de modo provisório, em 1968. Por fim, construiu mais 6 vãos de arquibancada, ao valor de Cr$ 114.736.436,00.

Com o Morumbi a meio caminho andado, a diretoria volta sua atenção para o patrimônio social. Em 26 de outubro, o Conselho Deliberativo institui o Título Patrimonial do SPFC, ao custo de Cr$ 100.000,00 a adesão. Logo de cara, 7.500 foram vendidos.

O título financiou a construção do parque aquático, dos vestiários, das instalações hidráulicas, elétricas, de manutenção e de tratamento de águas, orçada em Cr$ 55.126.486,00. Quadras e outros empreendimentos arredondaram a conta para cerca de 100 milhões. O Complexo Social foi inaugurado em 30 de setembro de 1962.

O período que se seguiu foi de grande estagnação. Os recursos financeiros líquidos em breve seriam consumidos. Os valores obtidos pelos títulos patrimoniais e cadeiras cativas eram significativos, mas cumulativos somente em longo prazo.

Sem o suficiente em caixa, o Morumbi nada avançou de 1961 a 1968.

Justamente neste período, o presidente do São Paulo, Laudo Natel, iniciou sua carreira política. Eleito Vice-Governador do Estado, por chapa independente, em 1962, assumiu o cargo majoritário por oito meses, entre 1966 e 1967. Após cumprir seu mandato, não voltaria a desempenhar função pública até 1971, após a conclusão do Morumbi.

Ou seja, sem qualquer ajuda governamental, o Morumbi só voltou a crescer, e a passos largos, em 1968, com o advento do fantástico Carnê Paulistão. Na TV Excelsior, nos intervalos das novelas, sorteava-se prêmios para aqueles que estivessem em dias com as suas mensalidades.

Com tiragem inicial de 100.000 unidades, o carnê fez tanto sucesso que ganhou outras seis séries, totalizando 700.000 carnês, vendidos a Cr$ 5,00 (cada qual com 12 prestações no mesmo valor). Outros clubes, posteriormente, adotaram a mesma prática, inclusive pressionando o São Paulo a romper sua patente. Os carnês concorrentes não vingaram, e o Tricolor, então, se comprometeu a repassar-lhes uma quota de seus ganhos.

Com as finanças em dia, o que o São Paulo não pôde realizar em 8 anos, o fez em 2. Em 20 de dezembro de 1969 o estádio enfim era concluído.


* Na próxima semana, contarei a vocês sobre o polêmico rebaixamento para a segunda divisão do Campeonato Paulista.,


VAI LÁ, VAI LÁ, VAI LÁ! VAI LÁ DE CORAÇÃO! VAMOS SÃO PAULO! VAMOS SÃO PAULO! VAMOS SER CAMPEÃO!

#FORAJUVENAL

Um grande abraço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário