A construção do Morumbi
Desde o início dos anos 50, o São Paulo havia decidido dar um novo passo em sua história. Não se sabe exatamente de quem foi a idéia da construção do estádio. O certo é que o sonho começou a se tornar realidade na gestão do presidente Cícero Pompeu de Toledo, que encarregou Laudo Natel, um jovem executivo do Bradesco, de levar adiante a empreitada.
Desde o início dos anos 50, o São Paulo havia decidido dar um novo passo em sua história. Não se sabe exatamente de quem foi a idéia da construção do estádio. O certo é que o sonho começou a se tornar realidade na gestão do presidente Cícero Pompeu de Toledo, que encarregou Laudo Natel, um jovem executivo do Bradesco, de levar adiante a empreitada.
Em meados de 1951, o São Paulo conseguiu aval
para um empréstimo de Cr$ 5.000.000,00 junto à Caixa Econômica Estadual para
auxiliar na construção de seu sonho. O empréstimo, aliás, somente foi possível
após grande reivindicação da diretoria, pois Corinthians e Palmeiras já haviam
requisitado e obtido antes.
Em 4 de agosto de 1952, o São Paulo conseguiu
um terreno junto à Imobiliária e Construtora Aricanduva, no bairro Jardim
Leonor, na região do Morumbi, uma região até então totalmente desabitada. O
clube comprou 29.584m² por Cr$ 8.875.200,00 pagos em suaves parcelas e obteve
da loteadora a doação de mais 25.000m². Posteriormente, por meio de acordos com
a prefeitura e com a própria Aricanduva, outros 99.873m² foram acrescentados,
totalizando uma área de 154.520m².
O passo seguinte foi estabelecer o primeiro
plano de arrecadação de recursos. A Comissão Pró-Estádio definiu a venda de
3.000 futuras cadeiras cativas, com título válido por 20 anos. Contudo, a
descrença da população mediante ao fato de se "construir um estádio no
meio do mato", aliado à contra-campanha de torcedores rivais e setores da
imprensa, forçou o Tricolor a vender 12 mil cadeiras, e torná-las patrimônio
definitivo.
As obras se iniciaram para valer em julho de
1953, com o começo da terraplanagem. Até então, a fonte de recursos majoritária
era o empréstimo de Cr$ 5.000.000,00 junto à Caixa Econômica Estadual.
Pouco depois, Amador Aguiar, dono do Banco
Bradesco, intermediou em favor do São Paulo um contrato de direitos exclusivos
para a venda de produtos dentro do futuro estádio com a Companhia Antárctica
Paulista. A cervejaria concederia Cr$ 5.000.000,00 ao Tricolor por 10 anos de
exploração comercial no Morumbi (com opção de prorrogação por mais cinco).
Com fundo em caixa, o São Paulo garantia os
primeiros estágios de seu grande projeto. Em dezembro de 1953, a terraplanagem
foi finalizada, ao custo total de Cr$ 3.270.396,00. Em 1954, o estaqueamento e
a construção das fundações do estádio.
Ao mesmo tempo foi assinado um contrato de
construção de uma galeria de águas pluviais, no valor de Cr$ 2.410.279,00, para
canalizar o córrego Antonico, que ainda hoje corta os subterrâneos do Morumbi.
Além desses serviços, outros foram solicitados com o decorrer das obras. O
clube gastou Cr$ 11.180,90 em madeira e tábuas, Cr$ 1.040.643,00 em ferro, Cr$
15.200,00 em cimento e Cr$ 9.904,00 em pregos e arames.
Para custear a aquisição destes materiais o
São Paulo promoveu campanhas de vendas de souvenires e de doação de cimento. A
exploração de propaganda no canteiro de obras foi outra medida utilizada.
O São Paulo então reformulou sua atuação na
venda de cadeiras cativas. Repassou a direção da promoção à Rádio Bandeirantes,
aumentando consideravelmente as vendas.
Em sua campanha, as cativas eram vendidas, em
média, a Cr$ 20.000,00 cada. Até a sua inauguração, em 1970, o São Paulo havia vendido
12.000 cadeiras, representando uma receita aproximada de Cr$ 240.000.000,00,
desconsiderando correções monetárias e a inflação. Somente o ídolo Poy,
verdadeiro garoto propaganda, vendera pessoalmente 8 mil dessas cadeiras.
Antes das obras realmente pesadas, de
elevação das arquibancadas, as últimas construções de base foram realizadas. Em
abril de 1955, o sistema de drenagem foi entregue, ao preço de Cr$
4.382.437,00. No decorrer do ano ainda foram construídos os túneis, o fosso, a
rede de irrigação e a da arquibancada térrea, tudo ao custo de Cr$
6.010.400,00.
Entre 1956 e 1957 começou, verdadeiramente, a
construção do maior estádio particular do mundo. As fundações foram concluídas
em setembro de 1957, por Cr$ 20.000.000,00. Seis vãos de gigantes (espaços
entre as colunas de sustentação) foram terminados em seus três níveis e outros
19 vãos ao redor, até as cativas, em fevereiro de 1957.
Até agosto de 1958 todos os níveis foram
levantados, mas, somente em março de 1960, finalizados, com o acréscimo de
outros cinco vãos. Tudo ao custo de Cr$ 78.681.571,60. Com essa configuração, o
Morumbi teria sua inauguração parcial.
Até lá, contudo, faltavam outros detalhes: a
pista de atletismo foi inaugurada em 9 de abril. As rampas de acesso
provisórias e pisos do pavimento térreo foram entregues em 20 de julho, por
módicos Cr$ 7.000.000,00. Já os bancos das numeradas e cativas foram instalados
por Cr$ 10.600.000,00. Para pregá-los, Laudo Natel teve que virar garoto
propaganda de uma indústria de parafusos e assim conseguir 400 mil unidades de
graça.
Por fim, o muro de entorno, necessário para
separar a torcida do canteiro de obras, saiu por Cr$ 4.000.000,00.
Longe de estar finalizado, a Comissão
Pró-Estádio achou por bem inaugurar o estádio, mesmo incompleto, pois passaria
a obter mais recursos provindos de bilheteria e também de ações publicitárias e
promocionais, pelo destaque do Morumbi na imprensa. Além de, claro, saciar a
vontade do são-paulino em ver e ocupar sua própria casa.
Com tudo preparado, marcou-se a data de
inauguração: 2 de outubro de 1960. O convidado para repartir a honra desta
festividade foi o Sporting de Lisboa. O primeiro gol do novo estádio foi
marcado por Peixinho, aos 12 minutos da etapa inicial. O São Paulo venceu o
Sporting por 1x0.
Em 1961, a linha de ônibus Largo de
Pinheiros-Morumbi foi inaugurada em 21 de setembro. Neste ano o São Paulo ainda
desembolsaria Cr$ 46.152.000,00 com a construção de duas torres de concreto e
instalação de cabines e outras instalações elétricas. Iluminação, contudo, só
veio, e de modo provisório, em 1968. Por fim, construiu mais 6 vãos de
arquibancada, ao valor de Cr$ 114.736.436,00.
Com o Morumbi a meio caminho andado, a
diretoria volta sua atenção para o patrimônio social. Em 26 de outubro, o
Conselho Deliberativo institui o Título Patrimonial do SPFC, ao custo de Cr$
100.000,00 a adesão. Logo de cara, 7.500 foram vendidos.
O título financiou a construção do parque
aquático, dos vestiários, das instalações hidráulicas, elétricas, de manutenção
e de tratamento de águas, orçada em Cr$ 55.126.486,00. Quadras e outros
empreendimentos arredondaram a conta para cerca de 100 milhões. O Complexo
Social foi inaugurado em 30 de setembro de 1962.
O período que se seguiu foi de grande
estagnação. Os recursos financeiros líquidos em breve seriam consumidos. Os
valores obtidos pelos títulos patrimoniais e cadeiras cativas eram
significativos, mas cumulativos somente em longo prazo.
Sem o suficiente em caixa, o Morumbi nada
avançou de 1961 a 1968.
Justamente neste período, o presidente do São
Paulo, Laudo Natel, iniciou sua carreira política. Eleito Vice-Governador do
Estado, por chapa independente, em 1962, assumiu o cargo majoritário por oito
meses, entre 1966 e 1967. Após cumprir seu mandato, não voltaria a desempenhar
função pública até 1971, após a conclusão do Morumbi.
Ou seja, sem qualquer ajuda governamental, o
Morumbi só voltou a crescer, e a passos largos, em 1968, com o advento do
fantástico Carnê Paulistão. Na TV Excelsior, nos intervalos das novelas,
sorteava-se prêmios para aqueles que estivessem em dias com as suas
mensalidades.
Com tiragem inicial de 100.000 unidades, o
carnê fez tanto sucesso que ganhou outras seis séries, totalizando 700.000
carnês, vendidos a Cr$ 5,00 (cada qual com 12 prestações no mesmo valor).
Outros clubes, posteriormente, adotaram a mesma prática, inclusive pressionando
o São Paulo a romper sua patente. Os carnês concorrentes não vingaram, e o
Tricolor, então, se comprometeu a repassar-lhes uma quota de seus ganhos.
Com as finanças em dia, o que o São Paulo não
pôde realizar em 8 anos, o fez em 2. Em 20 de dezembro de 1969 o estádio enfim
era concluído.
* Na próxima semana, contarei a vocês sobre o
polêmico rebaixamento para a segunda divisão do Campeonato Paulista.,
VAI
LÁ, VAI LÁ, VAI LÁ! VAI LÁ DE CORAÇÃO! VAMOS SÃO PAULO! VAMOS SÃO PAULO! VAMOS
SER CAMPEÃO!
#FORAJUVENAL
Um
grande abraço.
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